terça-feira, 11 de outubro de 2011

A seleção que dá sono

João Velho Mundo também teve muito sono vendo a seleção "amarelona"



Invicto, técnico mexicano luta contra o sono para analisar Brasil até no avião

José Manuel de la Torre, treinador da seleção do México, parecia ansioso pela autorização para ligar o iPad dentro do avião. O voo 2076, entre a Cidade do México e Torreón, palco do amistoso contra a seleção brasileira, na terça-feira, serviria para o técnico analisar o adversário.

E foi isso que De la Torre fez durante pouco mais de uma hora, no início da tarde de domingo. De olho na tela, assistiu a um VT da derrota brasileira para a Alemanha, por 3 a 2, em amistoso na cidade de Stuttgart, em agosto. Apesar da partida ter sido uma das mais movimentadas da seleção brasileira sob o comando de Mano Menezes, não foi fácil para o técnico resistir ao sono e ao cansaço.

No início do vídeo, De la Torre estava atento. Anotava as escalações das equipes em folhas que tirou de um bloco de papel. Fazia setas em seus campinhos imaginários, marcando o tipo de deslocamento dos jogadores. Tentava prever o que a seleção brasileira fará de diferente - talvez, também de igual - no duelo de terça.

Mas aos poucos, o cansaço chegava. De la Torre estava ao lado de Hector Gonzalez Iñarritu, diretor de seleções da Federação Mexicana, que olhava de esgueio para o iPad do treinador. Os dois pediram Coca-Cola quando a aeromoça ofereceu bebida.

Iñarritu distraiu-se lendo uma revista, enquanto o treinador continuava atento ao Alemanha x Brasil, embora já não anotasse mais cada detalhe do confronto. Já se passava metade do voo quando De la Torre, poltrona 4C, viu seu vizinho Iñarritu, 4B, dormir.

O treinador travava uma luta incessante contra o sono.

Os olhos do técnico, vez ou outra, começavam a se fechar. De la Torre respirava fundo, buscava concentração. Escanteio para a Alemanha. E Chepo - como é chamado por seu povo - voltava a fazer anotações. Só que os rabiscos nos pedaços de papel foram ficando, mais uma vez, raros.


De la Torre espera aprender com a Alemanha e não dormir no ponto

Crédito da imagem: Reuters


Outra Coca Cola para o treinador. Mais uma dose de concentração para prestar atenção aos defeitos e qualidades de uma seleção brasileira que ainda tenta encontrar seus titulares, seu padrão de jogo, uma cara. O treinador mexicano ainda está invicto no comando da seleção, está tranquilo no cargo. Mano Menezes não pode dizer o mesmo.

Foram 17 jogos à frente da equipe brasileira, com nove vitórias, cinco empates e três derrotas - uma delas, aquela para a Alemanha, reproduzida em pleno espaço aéreo mexicano, dentro de um Embraer E90, a 25 mil pés de altura.

França e Argentina também venceram a seleção de Mano. Mas em nenhuma partida o Brasil foi dominado pelo rival como na partida de Stuttgart. É com os alemães que De la Torre quer conhecr e encontrar as falhas do Brasil.

Por isso, resistir ao sono entre a Cidade do México e Torreón era tão importante. Aprender com os erros da seleção brasileira pode ser fundamental para que o treinador consiga manter sua invencibilidade e a lua-de-mel com a torcida.

A primeira batalha da semana, ele já venceu: não dormir.




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